Opinião
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TheBigDoor.com
6 de Setembro de 2003
"Existem algumas forças políticas que tentaram provocar intrigas"
entre o PT e PC do B, afirma o novo secretário municipal de Agricultura, Indústria, Comércio e Turismo, Luís Carlos Sena, convidado e indicado pelo PC do B para assumir a pasta.
Ex-comerciário, fiscal do estado, professor licenciado pela Universidade Federal da Bahia, sindicalista e bancário, aos 52 anos ele tomará posse em substituição a Davidson Magalhães, do seu partido.
Nessa entrevista, Luís Sena fala de intrigas e dos objetivos do partido para as eleições do próximo ano. Com sua saída para o novo cargo, o suplente Wenceslau Júnior assume sua vaga na Câmara e Davidson ganha a função de coordenador de articulações políticas do governo de Geraldo Simões. A posse de Sena será no decorrer dessa semana.
A Região - Quais são as primeiras ações para a Secretaria de Agricultura, Indústria, Comércio e Turismo?
Luís Sena - Vamos continuar o que foi planejado e que teve parte colocado em prática pelo secretário de está deixando o cargo. Isso ocorrerá porque o plano que vinha sendo executado por Davidson Magalhães obedece uma estratégia de governo do prefeito Geraldo Simões.
AR - Que plano é este?
LS - Ele é um plano estratégico que visa fazer com que a Secretaria de Indústria e Comércio coloque como principal meta a política de geração de empregos, a criação de renda e o norteamento das ações de comércio, indústria, agricultura e turismo em Itabuna. Então é um plano que já foi bastante debatido e estabelecidas as metas. Vamos dar um dinamismo nas ações e acredito que teremos total apoio do prefeito Geraldo Simões.
AR - Com o senhor avalia a indicação após mais da metade do governo?
LS - Sinto-me honrando com o convite, já que o PC do B tem tido uma postura de aliado coerente em aconselhar e chamar a atenção do prefeito para que possa trilhar o caminho correto da unidade, que foi traçado e com o qual ganhamos a última eleição municipal.
Como aliado, o partido recebe essa convocação como um reconhecimento de competência, uma vez que não é simplesmente uma transferência de secretários, mas também o deslocamento de uma pessoa que, como secretário, realizou um excelente trabalho. O ex-secretário, na verdade, foi transferido para a coordenação política.
AR - A ida do senhor para a Secretária o tira do páreo na eleição do próximo ano?
LS - Não. Pelo contrário, eu espero que essa nova função de certa forma favoreça, reforce, o reconhecimento da comunidade para que possamos no próximo ano pleitear a reeleição para vereador.
AR - Com essas mudanças promovidas pelo prefeito, o senhor acredita que acabem os boatos de que o PC do B estaria rompendo com o PT?
LS - Creio que essas mudanças, o convite e o licenciamento da Câmara não foram em decorrência dessa questão. Existem realmente algumas forças políticas que a todo o tempo, desde o início do governo, tentaram provocar intrigas entre PC do B e PT. Estamos juntos com o PT desde 1989, na primeira candidatura do atual presidente da República, Lula.
AR - O senhor está afirmando que essa aliança não acaba com qualquer turbulência...
LS - Não há motivos para acabar essa parceria, pois as alianças estão dando certo. Vem funcionando na eleição para vereador, deputado e do próprio Lula para presidente. Reafirmo que não foi pelos boatos que andaram divulgando que aconteceram as mudanças. Elas foram feitas porque o governo necessita traçar novas estratégias para atender a determinadas situações.
AR - Como assim?
LS - O prefeito Geraldo Simões sentiu a necessidade de um norteamento melhor das ações de governo, que vão ser feitas por Davidson Magalhães. E a secretaria está sendo ocupada por uma pessoa que tem experiência como vereador, que conhece os problemas da cidade. Mesmo não tendo esse objetivo, acho que o fato do PC do B estar sendo ainda mais fortalecido acabe com qualquer especulação. Essas pessoas vão começar a verificar que não existe nada de verdade no que andam divulgando e as picuinhas vão diminuir.
AR - Mas estava ocorrendo uma divergência entre PT e PC do B, não?
LS - Os atritos que aconteceram foram contornados (divergências entre Davidson Magalhães e Eduardo Barcellos há cerca de 15 dias). O que aconteceu foi um desencontro que acontece em qualquer governo. Como secretário vou interferir mais ainda para que as secretarias tenham mais autonomia e trabalhem em sintonia.
AR - Está ficando evidente que o PC do B vai brigar por uma vaga na chapa do PT no ano que vem...
LS - Não temos nada definido nem oficializado, mesmo porque isso depende das conferências dos partidos. Isso decidirá a inclusão do PC do B numa chapa para a eleição municipal do próximo ano. Existe uma projeção de que essa indicação poderá acontecer por causa da aliança histórica entre os dois partidos. Mas isso não está definido ainda.
AR - Mas o PC do B tem uma meta de expansão do partido.
LS - A tarefa do partido em todo o estado é de potencializar os nomes das nossas lideranças, prepará-las para, no momento exato dos debates, na hora de formar as coligações, termos um contingente bastante representativo, com qualidade e potencialidade de votos para sairmos coligados com o PT ou outra força política.
Em Itabuna o objetivo principal é aumentar a bancada na Câmara de Vereadores. Estaremos sempre participando dos debates que decidirão os destinos de Itabuna. Não queremos o retorno do atraso, a volta das administrações cheias de vícios, que foram destaque negativo até a nível nacional. Não queremos o retorno de uma administração marcada por desfalques no erário.
AR - O que os empresários podem esperar de um sindicalista à frente da Secretária?
LS - O empresariado itabunense já compreendeu e não tem nenhum receio da convivência com um sindicalista ou outro político de esquerda. Os empresários não precisam temer, pois eles vinham convivendo com um secretário do PC do B e a cidade é administrada por um ex-sindicalista.
Tenho plena certeza de que a classe patronal e os setores produtivos terão na figura do Luís Sena, sindicalista que sempre esteve empenhado na defesa da classe trabalhadora, um secretário cumprindo um plano estratégico de política definida pelo governo. Não estarei somente como classista, mas para atender os interesses da comunidade.
AR - A data do carnaval antecipado de Itabuna já foi definida. O senhor pretende fazer alguma alteração?
LS - A programação do evento vem sendo debatida. Tudo indica que vamos manter o carnaval para a data que já foi decidida, de 5 a 7 de fevereiro.
AR - O senhor está na comissão pró Museu de Itabuna. Vai ter tempo para ela?
LS - O projeto da Fundação Jupará, de um museu para Itabuna, é de extrema importância para a cidade e tenho a honra de fazer parte desta comissão. Vou continuar participando das reuniões e das ações necessárias para viabilizar o projeto que, tenho certeza, também terá o apoio da prefeitura.
AR - Falando como secretário, qual a importância deste museu?
LS - Enorme. Ele vai abrir uma nova frente de turismo para Itabuna, que já tem turismo de negócios e de saúde. Passará a ter o cultural. Sem falar na importância de resgatar e propagar nossa história junto às novas gerações.
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