Opinião
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21 de Agosto de 2004
Tenente Siqueira, chefe da 5a Ciretran
"Número de policiais ainda é pequeno, não dá conta"
diz o tenente Siqueira, da 5ª Ciretran. Ele assumiu o comando do órgão de trânsito há 45 dias e afirma que o número de policiais para fazer a segurança da comunidade está abaixo do recomendado pela Organizações das Nações Unidades (ONU).
Deveria existir um policial para cerca de 250 habitantes. "A cidade tem pouco mais 200 mil habitantes, então daria cerca de 800 a 1000 policiais só para Itabuna, mas não existe isso".
Natural de Juazeiro, o tenente Siqueira chegou a Itabuna como aspirante logo após sua formatura, em 1993. Ele comandou a 1ª Companhia de 97 a 2001, e se ausentou por dois anos para ser subcomandante da Companhia Independente de Itamarajú. Retornou em 2003 para comandar a 1ª Companhia e agora assumiu a 5ª Ciretran.
A Região - Quantos acidentes envolvendo motos foram registrados neste ano?
Ainda não temos esse número atualizado, mas podemos dizer que na cidade de Itabuna existe uma média de 25 a 28 acidentes mensais envolvendo veículos. Dentre esses, cerca de 30 a 40% é envolvendo motociclista, é um número bastante considerável, isto é preocupante, mas também auto explicativo se levarmos em consideração a quantidade de motos transitando na cidade.
AR - Desta estimativa, quantos acidentes acabam em morte?
Temos observado que há um percentual maior de óbito ente os motociclistas do que em relação a carro. Justamente por causa da falta do uso do capacete. Isso é um dado importante que deve ser considerado entre os motociclistas. O uso do capacete é fundamental até porque quando não ocorre óbito há lesões gravíssimas.
AR - Quais seriam os motivos dos acidentes?
Nós temos presenciado grande parte dos acidentes, quando o condutor tenta se evadir de alguma blitz ou de um cerco policial. Também o uso imoderado do álcool e pessoas que não são habilitadas conseqüentemente causam mais acidentes.
AR - Existe algum período específico em que acontecem mais acidentes?
Sim, os horários em que acontecem mais acidentes são aqueles em que não há muito pique, na madrugada, e esses geralmente são os de maior gravidade. Eles também estão relacionados ao uso de bebidas alcoólicas ou tóxico, mas temos observado também que os dias em que acontecem acidentes mais graves são os próximos ao final de semana.
AR - O que a Ciretran está fazendo para reduzir esses acidentes?
Nosso trabalho é importante, mas não é suficiente para conscientizar as pessoas de sua responsabilidade. É preciso que, além do nosso trabalho de conscientização e orientação e da própria fiscalização, a própria pessoa tenha consciência de que infringindo as normas elas estarão mais propensas a acidentes de trânsito e, pior ainda, estão colocando a vida de terceiros também em risco, pessoas que talvez não tenham nada a ver com sua irresponsabilidade.
AR - E o que dá para fazer?
Só haverá redução de acidentes a partir da autodisciplina do motorista. É com essa nova mentalidade que estamos fazendo algumas modificações no sistema de teste de habilitação, já visando o aprimoramento. Tentamos despertar essa mentalidade mais sociável nos condutores. Esse passo é o mais importante nessa relação, além do trabalho educativo e fiscalizador que normalmente desenvolvemos.
AR - Ultimamente notamos que há uma certa incidência de casos de tráfico envolvendo motociclistas.
É um tipo de crime que realmente aumentou na cidade a números consideráveis e que já despertou todas as autoridades envolvidas na segurança. Temos elaborado várias blitzen voltadas para esse tipo de assunto. Estamos estudando, junto com a policia civil e militar, maneiras de acompanhar e efetivamente desbaratar qualquer tipo desse serviço. É essencial que as pessoas denunciem esses marginais disfarçados.
AR - Apesar da fiscalização, ainda é comum ver pessoas conduzindo de forma ilegal.
Esses condutores que infringem as normas de trânsito e que agem de maneira infratora se aproveitam do horário em que sabem que há pouca fiscalização, devido à troca de turno de policiamento ou em horários em que se diminui a policiamento. Embora os infratores tentem driblar a lei, o perigo aumenta substancialmente para eles. Há essa possibilidade de se utilizar o anonimato para infringir a lei porque, enquanto os agentes estão presentes, ninguém consegue infringir a lei sem ser punido.
AR - Como é desenvolvido o trabalho das blitzen?
Fazemos blitz diariamente. Não temos tido nenhum acompanhamento do pessoal do setor de fiscalização municipal, mas as polícias militar e rodoviária estadual têm nos ajudado com relação a isso. Apesar do nosso pouco efetivo, temos coibido qualquer tipo de ação infracional e se elas ainda ocorrem é nos momentos em que já falei anteriormente (madrugada e finais de semana). Conduzir veículos é um exercício de cidadania, é respeitar seus direitos e o do outro também, porque se você procura evitar acidentes está respeitando o direito da sua vida e da do próximo.
AR - Com o aumento do número de motos circulando, como a fiscalização dá conta disso, já que o efetivo é pequeno?
Pela estatística da ONU, deveria existir um policial para cerca de 250 habitantes. Em nossa cidade deve existir cerca de 200 mil pessoas, deve ser isso, não estou muito bem atualizado, mas pelo tamanho da cidade deve estar em torno disso, então daria cerca de 800 a 1.000 policiais só para a cidade de Itabuna, mas não existe isso. A quantidade é insuficiente, não dá para dar conta.
AR - E como superar essa deficiência?
Nós contamos com a colaboração das pessoas íntegras e de bom senso, que realmente respeitam as leis e a autoridade. Então nós conseguimos, com essa ajuda, diminuir essa necessidade de policiamento para combater a marginalidade e os infratores. Ressaltamos que marginalidade e trânsito são coisas que divergem e não caberia somente aos policias militares fazer esse tipo de fiscalização de trânsito, seria um subemprego. Reforço o fato das pessoas de responsabilidade que certamente nos ajudam nessa laboriosa luta conta os infratores tanto da lei comum quanto de trânsito.
AR - E quanto aos acidentes envolvendo carros?
Os acidentes com carros acontecem com mais freqüência, cerca de 60%, mas nem todos têm lesões com pessoas, ou seja, a maioria é sem vítimas, ao contrário da motocicleta, onde o condutor está muito mais vulnerável a sofrer lesões. Então é inversamente proporcional.
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