Opinião
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15.Março.2014
Antonio Carlos Carvalho, Vigilância Sanitária
"Hoje podemos trabalhar sem interferência dos políticos"
garante Antonio Carlos Carvalho, coordenador da Vigilância Sanitária de Itabuna, em entrevista exclusiva no programa Mesa Pra 2, da rádio Morena FM 98.7 Ele mostra, em todo o bate papo com o jornalista Marcel Leal, um entusiasmo raro pela função.
Na entrevista, conta porque só agora a VS tem conseguido combater irregularidades em grandes empresas, quais o principais problemas de saúde pública em Itabuna, os projetos da VS e confessa um sonho. Confira.
Marcel - Como é formado o quadro da Vigilância Sanitária em Itabuna?
ACC - Temos uma equipe mínima formada por profissionais de nível superior e médio. Temos um biólogo, dois veterinários, uma nutricionista, uma engenheira de alimentos, uma enfermeira sanitarista e o restante é de nível médio. Os exames são feitos no Lacen em Salvador.
Como funciona a parceria com o Ministério Público?
Como está funcionando bem essa parceria! O promotor Clodoaldo Anunciação gosta de quem tem coragem e também tem coragem de enfrentar problemas encontrados na cidade. Ele atua e quer ver nossa cidade melhor, porque está feia e ficamos tristes com essa situação.
Do que se trata a ação nas academias, já que não produzem alimentos?
Quando as pessoas pensa na VS imagina apenas alimentos ou instalações sanitárias. Mas a atuação inclui fiscalizar necrotérios, farmácias, restaurantes, hospitais, clinicas, hotéis, etc.
No caso da academia, vistoriamos desde as instalações físicas aos aparelhos. É obrigatório a academia ter toalhas de papel, álcool gel, banheiros adequados, registro de tanques de água com certificado de limpeza e uma infinidade de coisas, para garantir a saúde do usuário.
A regulamentação e credenciamento dos profissionais também entram na fiscalização, junto com o Conselho Regional de Educação Física.
Quais os problemas mais comuns detectados nas academias?
Um dos canceres nas academias é o exercício da profissão sem habilitação para baratear o custo. Isso tem trazido graves consequências, incluindo lesões. A venda, a aplicação e o uso de anabolizantes também. Isso, por sinal, é crime de tráfico de drogas e gera interdição definitiva.
A VS está apreendendo muita carne e, pelo visto, mais da metade do que comemos é clandestina...
O matadouro de Itabuna foi fechado pelo Ministério Público porque os concessionários não estavam cumprindo a determinação. Com a interdição, a carne de Itabuna está vindo de Ilhéus.
Fizemos um acordo com as policias Federal e Civil, Adab e Ministério Público para apreender na fonte a carne clandestina. Tem pessoas que vendem até guias. Essa tem sido uma prática comum em Itabuna, mas estamos fechando o cerco. Sabemos onde estão e quando atuam.
Quais os piores problemas que a VS tem encontrado?
A feira livre é o grande problema. Um exemplo é a do São Caetano, que era isolada e hoje está cercada de moradias e de esgotos no canal aberto. Sou encantado por feiras e em viagens visito todas. Elas são condomínios fechados, organizadas, limpas. Em Itabuna não existe esse ordenamento. Na feira vendem o que querem.
Qual é seu maior desejo?
Ah, meu sonho é, quando me aposentar, deixar as feiras de Itabuna todas organizadas. Temos todos os diagnósticos das feiras, estamos levantando os financiamentos e é questão de dias. Hoje eu tenho dito às pessoas que não comprem carne em feira livre.
É o maior desastre para a saúde. Temos índices alarmantes de doenças como a tuberculose.
Como seria uma boa feira livre?
Na pedra da feira, seria um condomínio com horário de abrir e fechar. Mas as pessoas que vivem no entorno, impedem a limpeza e a recuperação do asfalto, teriam que sair. Elas iriam montar sua feira onde não existe uma, móvel, toda padronizada, com horários estabelecidos.
Que outro problema a VS enfrenta em Itabuna?
Temos um problema crônico da venda do leite in natura. Ninguem que vende vai se preocupar com questões como a brucelose. Se uma vaca tem mastite, o criador tira o leite e vende assim mesmo. Tem a acidez e o transporte. A pessoa pensa que está comprando leite barato, mas compra doença.
Outro problema grave é o abate de aves na hora. A legislação já proibiu, mas o vendedor abate e vai para a feira. Já conversamos com o secretario de Agricultura, Lanns Almeida, porque tem empresário interessado em trazer um frigorifico de frango para Itabuna.
Antigamente não se multava grandes empresas. Ninguém te pressionou?
Eu fui bombardeado durante muito tempo por emissoras de radio e algumas pessoas. Diziam que a VS só perseguia os pequenos. Sempre respondi que todos seriam alcançados. Conseguimos identificar nos grandes supermercados as irregularidades e por isso foram interditados.
Quem trabalha com grau de risco não tem alternativa. Não olhamos o tamanho. E o prefeito Vane tem garantido nossa independência, de forma fime. Já teve vereador pedindo para ele “deinterditar” e recebeu um não.
O fracionamento de produtos no supermercado é proibido, mas os mercados fazem e as pessoas compram. Outra coisa é desligar a energia à noite. Mesmo que os produtos estejam no prazo de validade em dia, o produto já foi adulterado pela falta de refrigeração e recongelamento.
Ainda outro problema é a falta de preparo dos profissionais. Mercadorias improprias para o consumo se misturam a boas e o consumidor compra. Se a vigilância pega, vai tudo incinerado.
E as farmácias?
Temos uma lei de 1973 que cobra a presença do farmacêutico. Antigamente não tínhamos numero suficiente e era aceitável que um se responsabilizasse por três farmácias. Hoje, o conselho exige que ele permaneça durante todo o funcionamento.
Tivemos uma audiência publica onde ficou firmado que todos teriam seu farmacêutico. Eles nos solicitaram um prazo maior, que se encerrou em dezembro. Agora é hora da cobrança. Nós não vamos tirar o pão da boca de ninguém, apenas cumprir a legislação.
É preferível que, se a pessoa não tem condição de manter uma farmácia, venda cosmésticos, que está em evidência. E está vindo a cobrança da climatização nas farmácias. É lei.
Quais os projetos da Vigilância para este ano?
Um deles é o Mão na Massa, parceria com o Sebrae, para a profissionalização das padrarias. Buscamos a qualificação profissional. Vamos ter manual de boas praticas e empreendedorismo. Temos a questão de maquinários velhos, que tem mutilado profissionais.
Quando todas as padarias estiverem dentro das normas da vigilância sanitária, vamos dar um selo de qualidade. Se não tiver, é suspeita. Temos ainda o Educavisa nas escolas. Pretendemos aguçar a criança, de olhar tudo o que come, bebe, onde compra, focos de dengue. Serão o fiscal da casa.
Temos outro projeto para combater o tabagismo, principalmente nos bares. O proprietário será o responsável por colocar aviso proibindo o uso. Ninguém pode ser obrigado a fumar pelo outro. Se achar uma irregularidade, você pode sempre ligar para a VS, 3617-9169.
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