Opinião
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11 de Abril
Jaques Wagner, governador da Bahia
"O Ministério dos Transportes já garantiu a duplicação da 415"
afirmou o governador da Bahia, Jaques Wagner, em entrevista exclusiva concedida nesta quarta-feira ao jornalista Marcel Leal, ao vivo, na rádio Morena FM.
Wagner falou da dengue, do Porto Sul, dos aeroportos de Ilhéus (o novo e o atual), da nomeação dos delegados aprovados em concurso e outros assuntos. Confira os destaques.
A Região - Governador, soube que o senhor esteve com a Infraero. Alguma notícia sobre as restrições ao nosso aeroporto?
Estou cuidando dos aeroportos de Ilhéus, Vitória da Conquista, Salvador, Barreira, Teixeira de Freitas. Precisamos ampliar a malha viária na Bahia que ainda é muito mal servida.
Eu e outros governadores do nordeste estivemos com o presidente Lula e pedimos a ele para que mude determinada regulamentação das empresas da aviação civil para que possamos fortalecer a aviação regional.
Alguns governadores estão dispostos a abrir mão de parte do imposto em favor da aviação civil para que elas possam atuar na capital e no interior do estado com mais empenho e dedicação.
AR - O aeroporto de Ilhéus se insere neste complexo logístico do Porto Sul?
Há 15 dias estivemos com o presidente da Infraero para discutir vários assuntos, entre eles o atual aeroporto e o que pretendemos construir entre Ilhéus e Itacaré.
Ele, mais a ferrovia, a rodovia e o porto serão uma verdadeira malha logísticas para favorecer o desenvolvimento da região cacaueira.
Temos no turismo potencial para desenvolvimento e o processamento da Zona de Exportação, já pré localizada na região. Quero aproveitar o algodão do oeste do estado e tentar trazer para Itabuna, aproveitando a Trifil, um pólo textil, inclusive com o pessoal da Coteminas. Estamos pensamos toda a região e teremos ainda a ferrovia chegando do oeste.
AR - Andaram dizendo que o senhor não faria mais nada pelo atual aeroporto...
Houve uma interpretação errada de uma entrevista que dei sobre o aeroporto. Claro que pensamos no atual de Ilhéus, mas queremos algo mais moderno, com uma pista de alcance maior, favorecendo todo o turismo que temos e se aproximando de um centro logístico.
Enquanto não temos o novo, nos preocupamos com o atual. Quero ressaltar o esforço dos prefeitos e deputados da região na solução do problema, mas a solução definitiva seria a construção do novo aeroporto. Será melhor para o desenvolvimento.
Há uma briga para fazer com as empresas aéreas. A regulamentação votada em 2005 dá a elas uma liberdade excessiva, não impõe determinadas obrigações e estamos tentando rever isso com a Infraero. Mas independente do esforço que foi feito pelos prefeitos, deputados, o governo, a solução definitiva é o novo aeroporto
Sempre digo que Salvador e Ilhéus são duas cidades bonitas, às quais tenho muito carinho. Ilhéus carrega uma grande tradição com Jorge Amado e o cacau. Eu adoro essa cidade
Estou trabalhando para melhorar e potencializar a situação atual e pensando grande, no futuro, para o bem da região e da Bahia.
AR - A Infraero tem alguma previsão de início e conclusão do novo aeroporto?
Neste mês o presidente da infraero se comprometeu comigo a apresentar um planejamento. E assim que estiver em mãos transmitirei à população.
O constrangimento que estamos submetidos a partir do rigor da aeronáutica e da Anac vem dos acidentes aéreos com traumas de mortes. Aqueles que são responsáveis pela autorização de vôos ficam mais rigorosos.
Este acidentes não foram culpa nossa, mas tem que entender... Depois de dois acidentes e o trauma das mortes, evidentemente aqueles que são responsáveis ficam mais rigorosos. Eles dizem “governador, querer ajudar, eu quero, mas Deus livre e guarde acontece alguma coisa, quem se responsabiliza?”
AR - E a duplicação da rodovia Jorge Amado, faz parte do complexo Porto Sul?
Faz. Estive em Brasília com o ministro Alfredo, acompanhado do secretário Walter Pinheiro, para brigar, mais uma vez, pelos interesses de Itabuna, Ilhéus e a região, que é a duplicação da 415.
Inclusive informo aqui, em primeira-mão, que o pensamento vai além. Já estamos incluindo no projeto, até vai haver uma reunião no dia 14 para detalhar, não só a duplicação da 415 no trecho Itabuna e Ilhéus, mas incluindo acesso ao porto sul e cuidando de fazer uma especie de anel em torno de Ilhéus, imaginando o crescimento deste fluxo.
Acabamos de inaugurar em Montes Claros (MG) uma usina de biodiesel e estou trabalhando também para completar a 251, que virá do norte de Minas entroncando na 415 e ligando com o novo porto.
No final da estrada teremos dois braços no anel, um indo para o sul e outro para o novo porto e aeroporto. Posso dizer que o ministro Alfredo está empenhado nesta questão
AR - Governador, o nosso PAC do Cacau não está meio emperrado?
A última medida provisória, aprovada em Brasília, nos dá a condição de ampliar as adesões e concretizar os contratos, embora não tenhamos a solução ideal. A solução ideal é impossível.
Nos nunca teremos - não gosto de enganar - a solução ideal. Nesta semana houve uma MP contextualizando melhor a questão do cacau. Quero fazer um apelo ao cacauicultor, para que a gente objetive e possa concretizar.
Não adianta a gente ficar de adiamento em adiamento. Precisamos partir para uma posição mais consistente, que efetivamente devolva à região a pujança que ela já teve. E todos sabem que o tratamento dado ao cacau foi superior ao de outras culturas
AR - A dengue retrocedeu em Itabuna, tem vaga para atendimento, mas subiu em Ilhéus. Isso preocupa o estado?
Essa é uma área em que temos investido muito dinheiro. Encontramos o setor inteiramente deprimido. No caso de Itabuna, tivemos que intervir na atenção básica, que era um total descaso, resultando num problema grave.
Entramos com um investimento pesado, contamos muito com o apoio do Governo Federal, do Rio de Janeiro e da Venezuela e, graças a Deus, está em nível declinante em Itabuna e Jequié. O problema é em Salvador, Feira e Ilhéus.
AR - O que pode ser feito na ponta da prevenção à dengue?
Não há vacina contra a dengue. A vacina é o esforço do governo em instalar o pronto atendimento para fazer a reidratação.
A imprensa tem contribuído para a conscientização, de evitar a água empoçada, para que o mosquito não se prolifere e a gente consigfa controlar.
O fumacê, que a gente aplica hoje em 67 municípios, mata o mosquito adulto, mas não mata as larvas, por isso o cuidado e o esforço também tem que ser da população.
AR - Já foram compradas as tampas para os tanques descobertos?
O governo já comprou as capas para a cobertura e vai distribuir nas residências, mas enquanto não chega às casas, a população pode ajudar cobrindo seus tanques.
AR - Os médicos elogiam o trabalho das equipes militares, que o senhor conseguiu em Brasília.
Graças à relação que temos com o governo Lula, pelo espírito solidário entre os governos federal, estadual e municipal, esse apoio é muito bem vindo. Nessa hora, quando tem problema, não se deve procurar culpado e sim solução.
Depois podemos até procurar quem foi o culpado. Como na atual crise financeira, onde recomendo que a melhor postura é debater uma forma de socorrer as prefeituras do Nordeste para fazer frente a essa queda de arrecadação, que não é culpa de ninguém, mas que afeta todos nós.
Passamos vários dias discutindo, eu, outros governadores do Nordeste, com a ministra Dilma e o presidente Lula, maneiras de ajudar as prefeituras diante desta crise. Não é culpa minha, não é culpa sua, não é culpa dos prefeitos, mas afeta todos nós e precisamos achar uma solução.
AR - A queda na arrecadação afetou muito o orçamento da Bahia?
Nesse primeiro trimestre nós arrecadamos menos R$ 200 milhões que em 2008 e recebemos menos R$ 100 milhões no repasse da União para a Bahia. São R$ 300 milhões, não é qualquer coisa. Com isso eu faço muita coisa. Só não posso inventar dinheiro.
Mas o presidente Lula está trabalhando num paliativo, pensando nas prefeituras, principalmente aquelas que vivem, praticamente, do FPM.
AR - E quanto aos delegados aprovados em concurso, que fazem falta no interior. Existe uma previsão para nomear estes delegados?
O governo anterior fez transferências de muitos delegados do interior para a capital e a região metropolitana de Salvador. Isso ampliou os problemas que já tínhamos no interior.
Nós temos um concurso feito ainda no governo passado (1997 e 1998) que, por um erro de edital, acabou ultrapassando em muito a validade normal, que é de dois anos prorrogáveis por mais dois.
Esse já tem mais de 10 anos mas, de qualquer forma, estamos investindo um dinheiro grande em curso de preparação para todos aqueles que passaram, um contingente de mais de 90 delegados.
AR - Não existe uma necessidade muito grande de delegados no interior?
Já recebi varias demandas do interior. Os delegados querem trabalhar e pedem para saber da contratação. O secretário de segurança pública, os prefeitos e deputados me pedem e a gente está se preparando. Mas eu quero ser muito franco, muito objetivo.
Com essa queda do orçamento eu não posso, nesse momento, aumentar o custeio da máquina pública, mesmo nas áreas de segurança e de educação, que são prioridades. Eu não posso pedir socorro ao presidente Lula sobre a perda do orçamento que tivemos e, ao mesmo tempo, aumentar a despesa.
Não posso anunciar para hoje ou amanhã a contratação. Preciso ver o desempenho da economia nacional e da baiana, retomar o padrão da normalidade, pelo menos o de 2008, para, aí sim, atender aos pedidos da comunidade e dos delegados, que querem trabalhar.
AR - Quando forem nomeados serão para a capital ou só para o interior?
Os delegados devem ter o seguinte compromisso: o delegado foi contratado para trabalhar no interior. Não adianta depois vir pedir transferência para a capital com um padrinho ou outro. Na capital, já temos uma taxa de delegados por população extremamente razoável, mas no interior reconheço que temos problemas de falta.
AR - Que outras providências o governo vem adotando na segurança?
Contratei 3.200 policias da PM e já entreguei 154 veiculos para a Policia Civil, fora os 200 que já havia entregue à PM, num lote total de 223 veículos.
Estamos comprando veiculo, reformando frota, armamento, colete à prova de bala, munição, contratando policial militar, reformando e construindo presídios, integrando a policia através do sistema de comunicação, trabalhando com tecnologia moderna de GPS de controle e deslocamento de veículos.
AR - O senhor está satisfeito com o desempenho do governo e a relação com os atores políticos?
Minha eleição marcou uma mudança de postura. Óbvio que não resolvemos tudo e não vamos resolver em quatro anos.
Mas posso garantir a voce, e na hora certa os números virão à baila, que em qualquer área de governo nossa numerologia é bem superior aos anteriores.
Mais do que que números, esse padrão, esse comportamento com a imprensa, a população, os prefeitos, de absoluto respeito, para mim é um valor que implantamos e do qual não abro mão.
Adversário político a gente tem na hora da eleição, mas na hora da gestão a gente tem que estar olhando para o interesse do publico, e a necessidade da população.
AR - O que o cidadão do sul da Bahia pode esperar para os próximos meses?
Quero dizer à população que o nosso governo está preocupado em se empenhar e melhorar a vida econômica e social da comunidade regional, sobretudo no eixo Itabuna / Ilhéus, seja com o novo porto, o aeroporto ou a rodovia BR 415.
Seja com o incentivo ao turismo, como estamos entregando a Camamu / Itacaré, uma estrada belíssima, de primeiro mundo, que vai aproximar ainda mais o interior da capital e que vai trazer mais turismo, mais negócios e mais emprego.
Estamos vivendo um momento de preocupação em função da crise econômica, mas estou cuidando dela com a parceria dos prefeitos e, evidentemente, do presidente Lula, que está sempre disposto a fazer mais pela nossa Bahia.
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