Opinião
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9 de Abril de 2005
Wenceslau Junior, vereador do PCdoB
"São 100 dias de perseguição e demissão"
afirma o vereador Wenceslau Júnior ao fazer uma avaliação da administração do atual prefeito. O vereador denuncia que nestes 100 dias o prefeito de Itabuna, Fernando Oliveira, tem promovido uma política de caça às bruxas.
Também suspendeu serviços importantes como Procon, Expresso do Saber e Agência Municipal de Emprego, há mais de três meses sem funcionar. Um dos sete vereadores da bancada de oposição, Wenceslau está há 14 anos no PC do B.
Formado em Direito pela Uesc, ele iniciou sua vida política no Movimento Estudantil e foi coordenador da Defensoria Pública Municipal. Hoje é presidente das comissões de Legislação de Meio Ambiente e Defesa do Consumidor e Direitos Humanos.
A Região - Que avaliação o senhor faz desses 100 dias de administração?
Esse é um governo que tenta convencer a opinião pública de que mudou seus métodos. Mas a realidade é que as pessoas das gestões anteriores controlam a máquina. São pessoas que participaram de gestões marcadas pelo caos e pela corrupção.
AR - Esse início de gestão não está melhor?
Não. Prova disso foi que o primeiro escândalo ocorreu já antes da posse, quando foi descoberto um esquema de superfaturamento das bandas que iriam se apresentar no carnaval. Além disso, já no primeiro mês ocorreram as demissões de todos os agentes de combate à dengue, o que causou uma epidemia que leva centenas de pessoas para os hospitais.
AR - O prefeito não dá seguimento aos projetos da gestão anterior?
Não. E desativar serviços essenciais demonstra despreparo. Não se pode extinguir serviços de importância só porque foram criados pelo gestor anterior. Não justifica, por exemplo, ele não ter nomeado até hoje o coordenador do Procon nem o Defensor Público.
AR - Os outros serviços funcionam?
Nem de longe. Ele desativou a Agência Municipal de Empregos (AME), o Banco do Povo está sendo esvaziado, e o Expresso do Saber, que levava aulas de informática a milhares de jovens carentes, não mais funciona. Isso só mostra o descaso com projetos de importância.
AR - E a saúde, tão criticada durante a campanha política?
Só piorou. Foram mantidas pouquíssimas ações bem sucedidas da gestão anterior. O que foi um grande erro, porque além de eliminar serviços o prefeito mostrou-se um gestor atrasado. A partir do momento em que se extingue um programa, se joga dinheiro fora.
AR - O que a Câmara pode fazer para pressionar o prefeito a reativar os serviços?
O secretário da Indústria e Comércio, Manoel Lopes, assegurou a mim e ao vereador Luís Sena que pretende colocar esses serviços para funcionar. O procurador jurídico também nos disse que iria nomear o coordenador do Procon. Se nada for resolvido nos próximos dias, a Câmara tomará medidas, inclusive judiciais.
AR - Voltando à questão da saúde, o que funciona?
O prefeito afirmou que até julho a saúde seria outra e que encontrou um caos. Como? A Policlínica estava funcionando e informatizada, os postos de saúde novos e equipados. A gestão passada entregou recursos e qualificou pessoas. Claro que existe dificuldade de recursos para o Hospital de Base, até por perseguição política do estado à gestão anterior.
AR - O que está errado?
A saúde está completamente perdida, não existem metas nem diretrizes estabelecidas. Os postos de saúde estão lotados e as pessoas têm limitação no atendimento especializado, o que não havia na gestão anterior. Hoje sim, a saúde é um caos.
AR -A que se deve a atual situação?
Falta capacidade operacional. Até o Samu está atuando com desvios, em rodeios, em jogos de futebol, em lugares onde nunca deveria estar. Ele não é uma simples ambulância, mas um serviço que tem regras do governo federal. Essas regras precisam ser cumpridas, caso contrário Itabuna corre o risco de perder o Samu.
AR - O secretário de Saúde diz que os postos de saúde estão funcionando à noite...
Já era assim no governo anterior, começou com o do Califórnia. Se tenta criar um fato político, pois não são todos os bairros que têm necessidade de funcionar à noite. E se funcionar bem durante o dia, talvez não precise funcionar à noite.
AR - Diziam que o prefeito mudou, mas já há denúncias de perseguição política.
Há um processo de perseguição política ao funcionalismo. O governo já ensaia demissões de funcionários concursados da Emasa, o que é uma forma de preparar o terreno para a privatização.
AR - E essa histórica distribuição de peixes estragados?
Durante a Semana Santa o prefeito distribuiu peixes estragados para famílias carentes através de associações de moradores cujos presidentes são ligados a ele. Já bairros como Caixa D'Água e São Roque não receberam senhas por ser considerados de oposição. São as mesmas táticas mesquinhas e atrasadas.
AR - Em que situação está a questão do IPTU?
Embora tenha extinguido a taxa de lixo, o prefeito aumentou de forma exagerada o Iptu, inclusive cobrando taxa em bairros que não possuem nenhum serviço e nunca tinham sido cobrados. Até moradores do Fonseca receberam carnês.
AR - Em relação às grandes obras prometidas, já houve algo concreto?
Não quero diminuir a importância do Centro de Cultura e do Teatro Municipal, mas Itabuna tem outras prioridades. A melhoria na captação de água é uma delas. A grande obra até o momento é a construção do presídio, mas ele foi iniciado no governo passado com mais de 90% dos recursos do governo federal. As demais obras serão com recursos do estado. Então, o que foi feito com a arrecadação municipal?
AR - Senhor está afirmando que se gasta demais sem resultado?
Sim. Um exemplo é o contrato milionário, de mais de R$ 600 mil, com a empresa de limpeza pública. Foi criticada a limpeza quando custava R$ 350 mil e R$ 450 mil, mas hoje se gasta quase R$ 200 mil a mais pelos mesmos serviços.
AR - O governo anunciou um pacote de obras...
Um pacote em que o prefeito visa valorizar as próprias terras. As ações são todas voltadas para sua área, que estava abandonada mas, pelo jeito, daqui a alguns meses poderá ser vendida a peso de ouro. O prefeito até tem a intenção de levar o novo fórum para aquela região, dificultando o acesso da maioria da população. É um absurdo.
AR - O que o senhor acha que o prefeito deveria fazer?
Acho que deveria comprar a briga com os Kauffmann, que estão com um terreno no centro da cidade sem nenhuma função social, servindo apenas para sonegar impostos e gerar lucros. O município tem poder de intervir nessa questão. Acho que o prefeito deveria descer do palanque e começar a trabalhar.
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