19.Março.2016

vane

Claudevane Leite, prefeito de Itabuna

“Não tenho interesse em sair candidato”

a nada, nem a prefeito, diz Claudevane Leite, prefeito de Itabuna. “Eu defini que não seria candidato e muita gente duvidava. As pessoas acham que você entra num processo desse e é difícil sair. É raro. Vereador está totalmente descartado e para deputado federal ou estadual... no momento não”.
      A entrevista, exclusiva, foi concedida ao jornalista Marcel Leal no programa Mesa Pra 2 (quartas, 15h) da rádio Morena FM. Confira.

ML - Você definiu como seu candidato Davidson Magalhães do PC do B. Era compromisso seu?

       CL - Tivemos em 2012 o apoio de seis partidos, um deles o PC do B, que queria minha reeleição. Como não estava disposto, por conta do custo e questões pessoais, resolvi sair. Anunciei em setembro e depois de 5 meses conversando chegamos à definição do PC do B.

Você tem um secretário que se destacou muito, o Roberto José. Por que Davidson e não Roberto?

       O Roberto José se destacou muito, o Marcos Monteiro da Sedur tem se destacado, Dr. Paulo Bicalho também. Então temos um governo com secretários que trabalham muito. No esporte, nunca foi feito tanto como no meu governo. Na Agricultura com Lans Almeida foi um excelente secretário.

Mas no caso de Roberto José ele era pré-candidato... Foi mais pelo compromisso com o PC do B?

       Sim, pelo compromisso, pela pessoa de Davidson, pelo partido. Entendo que Roberto fez um excelente trabalho, na Ficc e na Settran. É um homem bom, mas a gente tem o compromisso do grupo e a maioria dos partidos definiu pelo PC do B.

Como vai ser a relação com secretários como Marcos Cerqueira, que tem problemas com o PC do B, Otto, Mariana, Pastor Francisco, o próprio Roberto?

       O PSD está lançando Roberto, mas tá na base do governo municipal e no estadual. Mariana é do PPS e ficou de tomar uma decisão. Otto e Marquinhos vão seguir o prefeito. Não podemos ter duas candidaturas na base. A dificuldade é o Roberto, por estar lançando a candidatura dele.

Essa decisão de não sair candidato não bagunça um pouco a parte dos vereadores?

       Teremos algumas dificuldades que estamos trabalhando. O PC do B sai sozinho, ele tem a chapa dele, e estamos conversando com os partidos e pré-candidatos para resolver da melhor maneira possível.

Durante sua campanha você falava em coleta de lixo municipalizada, que usaria moradores dos próprios bairros. Por que não foi feito?

       O que realmente não cumpri, por conta de dificuldades financeiras, seria usar os agentes ambientais que trabalhariam nos bairros, fazendo reciclagem. Era um projeto bom, inovador, mas não tivemos recursos.

Por que a prefeitura não pode fazer a própria coleta?

       Pode sim, mas a coleta de Itabuna talvez seja a mais barata do Brasil. A gente diminuiu muito. Para fazer a coleta tínhamos que comprar 10 caminhões compactadores, que não são baratos. Eu não falei que ia municipalizar, falei que ia contratar agentes ambientais, mas não pude fazer.

Outras administrações sairam devendo três a cinco meses de salário. Você corre esse risco?

       Não e estamos trabalhando para que possamos chegar no final do mandato com as contas em dia. Só vou fazer o que puder pagar, para evitar este tipo de coisa.

Voce vai sair da Prefeitura sem divulgar as auditorias feitas em 2013 e até hoje secretas?

       A gente pode fazer isso, mas todo lugar que vou falo dessas auditorias e o que a gente herdou, isso é importante. As pessoas não querem entender que pegamos uma cidade com R$ 500 milhões de dívidas.

O principal problema da dengue no país é a falta de saneamento básico. Você podia ter avançado mais em esgoto.

       Fizemos o que foi possível fazer. Pegamos uma Emasa falida, com R$ 20 milhões de débito, três meses de salários atrasados, não tinha uma máquina funcionando, PIS, INSS, tudo atrasado. Foram oito anos de aluguel atrasado e 0% de esgoto tratado. Hoje temos 14%. Houve avanços.

E aquela obra de saneamento gigante em sete bairros, ela parou, o que houve?

       O governo federal não repassou verbas. A empresa deu uma parada, está fazendo outras coisas e aguardando medidas. Não é só em Itabuna, mas estamos aguardando confirmação esses recursos cheguem e as empresas voltem a trabalhar.

E qual seria a porcentagem de tratamento depois de concluída a obra?

       Depois de pronta e mais algumas ações, como o Minha Casa Minha Vida, que tem estação e tratamento, como no Nova Califórnia, que estamos fazendo também, temos a perspectivas de chegar a 20 ou 30%.

Sobre os restaurantes populares, por que até hoje estão fechados? Tem verba mensal do governo federal para eles?

       Não. Nunca veio. A primeira reforma teve uma verba federal, foi a única. O restante é 100% municipal. E fechou porque tivemos um arrombamento, danificaram os frigoríficos e as instalações. Mas as licitações estão sendo feitas. Temos previsão para abrir o do centro em abril. Tivemos que retirar alguma coisa de um para o outro e por isso tivemos que fechar os dois.

Vamos falar sobre a UPA?

       O espaço físico da Upa está pronto e o que falta é o dinheiro da União para os equipamentos. Vamos trabalhar muito para inaugurar, mas está muito difícil. Já pedimos ao governo do estado para nos ajudar, é o grande desafio.

Sobre a água, por que não procurou outras alternativas fora da barragem, sabendo que iria demorar?

       A solução é mesmo a barragem. Primeiro recuperamos a Emasa e melhoramos nosso tratamento. Estivemos em Brasília, mas não conseguimos nada.
       Pensamos em captar na lagoa Encantada, mas a água também está salgada. Os poços artesianos todos são salobros também, não servem para consumo humano. A saída foi triplicar os carros pipas e distribuir tanques para as áreas que não estão recebendo água. Por sinal, eu não vou privatizar a Emasa como estão dizendo. Quero uma parceria.

Mas qual a vantagem para a empresa que pegar a Emasa?

       A Emasa é viável, só com a ampliação da rede. Hoje com 56% do que produz se perdem. E a barragem vai acontecer, já tem R$ 5 milhões da parcela. O governo do estado tem sinalizado a construção da barragem.

Que obras você termina esse ano?

       O shopping popular. Temos dinheiro do IPTU. Vamos continuar a reformar os postos de saúde e também o projeto de inclusão social, os dois restaurantes populares abertos e a minha busca é terminar com o salário em dia. Criamos a sala do pequeno empreendedor. Concluímos o calçadão da Ruy Barbosa e temos feito com que a cidade gere recursos. Temos o maior PA do Brasil, que tem fortalecido a agricultura e a economia.

Com todos os escândalos envolvendo PT, você acha que vai sobrar para outros partidos da base aliada?

       Com certeza essa vai ser uma eleição atípica. Infelizmente a sociedade não vê seu voto sendo representado. Ninguém viu até agora o PC do B envolvido, diferente de praticamente todos os partidos. Temos que fazer uma avaliação da pessoa e qual a proposta.
       Lá atrás eu disse que Itabuna não precisava de um nome novo, mas um novo modelo de gestão. Disse que precisava de 20 anos de boas gestões para consertar Itabuna e fui criticado por isso. Mas e verdade. Eu li uma reportagem em seu jornal colocando meus defeitos - e tenho muitos, mas você disse que nessa crise nacional e local fizemos muito mais do que as últimas gestões.

Voce fez, mas ninguém sabe porque sua Comunicação é péssima, amadora. Me diga uma coisa que você queria muito fazer e sabe que não vai dar.

       Eu queria muito fazer os agentes do meio ambiente. Mas quem foi o prefeito que mais reformou escolas e postos de saúde? Vane. Eu tinha uma meta de reformar o Hospital de Base, chamado de casa da morte. Eu consertei. Eu coloquei ambulância nos distritos que nunca tiveram. Eu tinha meta de combater a violência e nunca se lançou tantos programas sociais.

Voce fica chateado quando se divulga os dados da violência de 2012 e se diz que Itabuna é a mais perigosa?

       Desde que assumimos a prefeitura em 2012, tínhamos esse ranking da violência. Mas reformamos muitas quadras e, pela primeira vez, temos uma feira literária. Estamos aplicando 6 vezes mais na Cultura. Em Itabuna, pelo bom trabalho das policias Militar, Civil e da Guarda Municipal, enquanto algumas cidades aumentaram a violência em mais de 200%, aqui caiu em mais de 40%.
       Uma coisa que não prometi mas queria muito fazer era o parque da cidade. Mas estamos na 12ª posição do Brasil como cidade de porte grande que mais investiu em educação e saúde. Estou sendo reconhecido em Brasília como excelência por conta dos programas sociais.
       A gente quer fazer mais, mas diante do quadro que recebemos fizemos muito. Se eu apenas limpasse a cidade, iluminasse e tapasse os buracos, já teria feito muito.

E a questão das feiras?

       Tem que ter muito dinheiro para a reforma, mas não temos, a não ser que consigamos vender o prédio da FTC. Todas estão em situação ruim e todas precisam de reforma. Se eu conseguir vender o prédio vou arrumar todas e ainda fazer uma feirinha pequena. Garanto que todo o dinheiro desta venda será investido nas feiras.

Nós vamos cobrar...




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