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Caso Leal: 5 anos impunes
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4 de Outubro :: Caso Leal

A incrível história do delegado que encolheu

       Figueiredo e Valois A cena seria impensável há quatro, cinco anos atrás.
       Numa sala mal iluminada do Fórum Ruy Barbosa os delegados Jacques Valois e Gilberto Mouzinho estão cabisbaixos, trocam raras palavras e evitam imagens e fotografias.
       Mesmo numa situação constrangedora para quem já foi uma das estrelas da polícia baiana, Valois nem nos mais terríveis pesadelos poderia imaginar o que o aguardava.
       Suspeito de ter se omitido e de forjar provas inexistentes nas investigações do caso Leal, o delegado começou a desmontar ao ser questionado pelo juiz Marcos Bandeira.
       Suas respostas eram inseguras, o nervosismo visível. Ainda assim, negou que o ex-agente Figueiredo lhe tivesse passado informações sobre Marcone Sarmento e Mozart Brasil, fundamentais para o esclarecimento do crime.
       Valois tentou fazer papel de vítima e desqualificar Figueiredo, mas não resistiu a três perguntas do advogado Rogério Andrade, que flagraram o delegado em mentiras escandalosas.
       A partir daí, o que era nervosismo virou pânico. Para não cair em novas contradições, Valois foi acometido de uma súbita falta de memória. Não se lembrava de mais nada.
       Como último e único recurso, só lhe restava insistir no desmonte da imagem de Figueiredo, que já havia prestado depoimento.
       Foi aí que veio o pedido de acareação entre o delegado e o ex-policial.
       Valois gelou.
       Os minutos seguintes mostraram que o delegado tinha razão para se desesperar.
       A acareação durou cerca de meia hora e foi um dos momentos marcantes dos dois juris.
       Tudo o que Valois negava sem convicção, Figueiredo confirmava com segurança. Não havia dúvidas de quem estava mentindo.
       Faltava o fecho de ouro.
       Valois disse que Figueiredo nunca havia sido orientado por ele a fazer qualquer tipo de investigação policial, que ele era um servidor burocrático.
       A resposta teve a força de uma punhalada:
       - O senhor se lembra quando roubaram a casa de Cecília Campos, ligada a um deputado federal? O senhor me pediu pra apurar, que tinha interesse pessoal nisso. Dois dias depois eu prendi o casal que roubou a casa, esclareci o crime e senhor me parabenizou...
       Valois se lembrava. Mas naquele momento já havia encolhido tanto que foi impossível captar o fiapo de voz que saia de seus lábios trêmulos.

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