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História de Itabuna Há 46 anos o ABC da Noite tem atendimento único e sempre no mesmo ponto, oferecendo batidas (mistura de frutas com cachaça das boas). Elas são servidas geladas como coquetel, só que preparadas com antecedência. As misturas tradicionais são as de limão, maracujá e gengibre, mas há ainda com manga, cajá, caju, abacaxi, depende da disponibilidade da matéria-prima no mercado. Não são preparadas com polpas. Os clientes do “ABC da Noite” são bancários, jornalistas, poetas, comerciários, servidores públicos, professores, estudantes universitários e, principalmente, aposentados. Eles já conhecem a rotina do bar, o único que se tem notícia que funciona com horário diferenciado. Abre às 11h e fecha às 13h30, de segunda a sexta-feira. No sábado funciona das 11h às 13h. Além dos horários de funcionamento limitados pelo proprietário, há um regime de disciplina, o que tornou o local um ambiente respeitado, sem registro de confusão nestes 46 anos. O cliente bêbado e alterado é convidado a se retirar, gentilmente, pelo dono do ABC da Noite. ‘Cabôco’ Alencar Desde o primeiro dia de funcionamento o “ABC da Noite” é administrado pelo mesmo homem, Alencar Pereira da Silva, 77 anos, ou melhor, Caboclo Alencar. De fala mansa, Alencar nasceu em Sorocaba, interior de São Paulo, mas mora em Itabuna desde os 3 anos de idade. O ABC da Noite é um dos poucos bares no mundo em que o dono se preocupa mais com bate-papo do que lucro. Quando chega o horário de encerrar o expediente, sempre com muita paciência, Cabôco pede licença para manter o ritual. E não importa qual papo esteja rolando. Os clientes mais apaixonados pelas batidas chegam a comprar litros para tomar do lado de fora. O bar, que faz aniversário em 28 de julho, mesmo dia em que os itabunenses comemoram a emancipação política e administrativa do município, já faz parte na história da cidade. Pelo local passaram personalidades como o presidente Lula e o ex-governador Mário Covas. Com Caboclo Alencar, eles, como os todos, são atendidos com muita gentileza e educação. O bar fica na Travessa Adolfo Leite ou simplesmente “Beco do Fuxico”, que recebeu este apelido por motivos óbvios: os mexericos alimentados pelos freqüentadores dos estabelecimentos (alfaiates e barbeiros) que funcionavam ou funcionam naquela quadra. Antes do “ABC da Noite, no local funcionava um açougue especializado em carne de porco. Depois de certo tempo, o Cabôco decidiu trocar de ramo. O “ABC da Noite” surgiu quando o nome era uma “febre” nacional. Até o hoje os clientes se divertem com as brincadeiras do Cabôco, dono de frases engraçadas. Não vamos contar as últimas para que você conheça o local, que virou livro. Um Cabôco grapiúna, Por Adylson Machado Itabuna possui referências tradicionais, como o Café Pomar, o Kati Kero, o Tico-Tico, o Parlamento. No entanto, uma se destaca: o ABC da Noite. Não pelo comércio em si, mas pelo proprietário, cauteloso para que os que entrem em sua Faculdade de Letras Garrafais o façam para trocar idéias, não para sair com as idéias trocadas. Cabôco Alencar não é somente o dono de um ponto tradicional, fixado no imaginário do itabunense. É a própria alma da saga grapiúna, repositório de enxertos da história e personagens desta terra, registrada em décadas de vida. Nos heterônimos de “Zé” (do Bode, Gastrônomo, Marreta etc.) redige Nietzshe, Platão, Cervantes, Rousseau, Marx, Vargas Villa etc. no pequeno quadro negro pendurado junto ao balcão, levando muitos de sua confraria à biblioteca que não possuem. Na dinâmica do tempo, ácido e implacável para com seus atores, o “Cabôco” de todos os nossos dias assiste a caminhada e passagem das gerações, em filme memorialista de cenas rodadas na sua retina, desde o tempo em que “bebia até a azeitona boiar no céu da boca”, contando e fazendo história em Itabuna. A generosidade e urbanidade de Cabôco Alencar e a esfera mítica que o cerca – se constituem a verdade que se esgota em seu mundo particular – cobram, no entanto, de Itabuna, um reconhecimento de sua própria realidade, por ser traduzida plenamente, como aqui ainda não o foi suficientemente para o outro filho: o “menino” Jorge Amado. *Autor de “Amendoeiras de Outono” e “O ABC do Cabôco”, pela Via Litterarum Itabuna, aos 23 de julho de 2008. Memoria Grapiuna é um projeto da Fundação Jupará com patrocínio da rádio Morena FM 98.7 e jornal A Região. |
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