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História de Itabuna Processo foi 'ao fogo' para cozinhar perú - segundo conta o historiador José Dantas, no “Documentário Histórico de Itabuna”. Ele afirma que havia um processo criminal contra o coronel Henrique Alves, que era acusado de ser mandante de um assassinato e corria o risco de ter a prisão preventiva decretada. Enquanto os advogados procuravam uma forma de livrar o coronel da prisão, a sua única filha tomou uma decisão drástica. Elvira dos Reis Moreira, a “Senhorazinha”, de acordo com relatos de José Dantas, pegou o processo e comunicou aos presentes à reunião que ocorria na rua Miguel Calmon, na Casa Verde, residência de Henrique Alves, que o lugar dele era o fogo. “Vou queimá-lo”. Ela jogou o documento no fogão e disse: “Agora acabou-se. Está ajudando a cozinhar o peru que almoçaremos a seguir”. O processo havia sido levado pelo escrivão Manuel da Silva, que o colocou em cima da mesa do coronel. Sentando numa cadeira, o escrivão ouvia calado os comentários dos advogados. A defensa de Henrique procurava alternativas para o caso da justiça determinar a prisão do coronel. Quando o processo foi jogado no fogão que cozinhava o peru, o escrivão Manuel da Silva empalideceu, mas não teve coragem de dizer uma palavra. O advogado Fernando Caldas acabou assumindo a responsabilidade e foi suspenso pelo Tribunal de Justiça do Estado. A ação desafiadora da Senhorazinha valeu elogios e aperto de mão de seu pai. Quem foi? Elvira dos Reis Moreira, a Senhorazinha, nasceu em 22 de setembro de 1885 e morreu em 7 de fevereiro de 1984. O sobrenome Moreira foi adquirido depois do casamento com o ex-prefeito Miguel Fernandes Moreira, que ficou no cargo de abril de 1951 a abril de 1955. Ela possuía uma ligação muito forte com o coronel Henrique Alves, que ainda cedo perdeu a esposa, Rita Cardoso. Segundo o historiador José Dantas, a infância de Senhorazinha sem a figura da mãe contribuiu para uma relação mais próxima com o pai. Já moça, ela ponderava com o coronel nos momentos mais complicados. Como chefe político de Itabuna, Henrique Alves não chegava a pedir conselhos à filha, mas expunha seus problemas. Para José Dantas, a ex-primeira dama de Itabuna herdou o temperamento do pai, sobretudo nas áreas política e administrativa. Ela ficou órfã de mãe quando tinha cinco anos. O pai casou-se novamente logo depois e a menina foi enviada para um colégio interno em Salvador, depois transferiu-se para a Piedade, onde formou-se professora. No dia 24 de fevereiro de 1922, casou-se com Miguel Fernandes Moreira, que se tornaria prefeito na década de 50. Depois de perder uma filha, Senhorazinha não mais engravidou e passou a dedicar sua vida a crianças órfãs. A mais dedicada das crianças cuidadas pela filha do coronel foi Romilda Nunes, que durante muitos anos administrou o “Museu Casa Verde” (foto), inaugurado em 19 de maio de 1974 pela mulher que teve a coragem de queimar um processo criminal numa época em que as decisões eram tomadas pelos homens. O “Museu Casa Verde” contém o acervo da família do coronel e, nos últimos anos, tem enfrentado dificuldades para funcionar. Memoria Grapiuna é um projeto da Fundação Jupará com patrocínio da rádio Morena FM 98.7 e jornal A Região. |
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