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Memoria Grapiuna

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História de Itabuna

Conterrânia do desbravador veio vender fato
na feira livre e chegou quase 100 anos depois de Félix Severino do Amor Divino, quando a localidade já se chamava Itabuna. Ela tem no sobrenome Argentina, mas é brasileira. E sergipana, como muitos dos moradores de Itabuna. fateiros
      Maria Argentina Nery, 80 anos, chegou ao sul da Bahia por votla de 1956, já com o “progresso”. Argentina nasceu em Estância (SE) e chegou a Itabuna viúva, com seis filhos pequenos para sustentar.
      Vieram de “pau de arara”, numa viagem longa e cansativa, mas que valeu a pena, segundo conta a sergipana que tem alma e coração itabunenses. Ela afirma que veio para explorar uma atividade desconhecida na região.
      Com muita convicção, dona Argentina conta que mudou os hábitos alimentares das famílias menos abastadas de Itabuna. De acordo com ela, até sua chegada, as pessoas não comiam fato bovino, que não tinha nenhum valor comercial.
      “Elas não sabiam como tratar as partes intestinais do gado (as tripas e livro)”.
      Novidade
      Ela explica que comprava o fato no abatedouro e vendia na feira livre que existia onde hoje está instalado o prédio da FTC, na Praça José Bastos. “Foi uma novidade. Durante anos trabalhei na feira livre. Com o dinheiro que ganhei logo que cheguei, trouxe meus outros parentes, que estavam em Estância”.
      Vera Rita Nery, 54 anos, uma das filhas de Argentina, conta que até pouco tempo sua mãe trabalhava com fato. “Mas, por recomendações médicas, tivemos de impedi-la de continuar freqüentando o Matadouro Municipal”.
      A filha confessa que “fomos tirando aos poucos, pois ela não queria deixar, de maneira nenhuma, as atividades de tratadeira”. Dona Argentina e os parentes, entre os quais os filhos Vera e José Welington Nery (61), a neta Gervasia Nery Lima e a bisneta Laisa Santos Nery (6), moram na rua Frei Ludovico Livorno, em Ferradas.
      Sua casa fica a poucos metros do imóvel em que o escritor Jorge Amado morou. “Os Nery de Ferradas são todos da nossa família”, explica Welington.
      Desbravador
      Felix Severino do Amor Divino, citado no início da matéria, é considerado o desbravador do local que se tornaria, anos depois, a cidade de Itabuna. Ele desembarcou no Porto de Ilhéus em 6 de fevereiro de 1859, na segunda classe de um navio.
      O sergipano tinha 32 anos de idade. A primeira casa foi construída na localidade que ficou conhecida como Marimbeta. Ele embarcou em Sergipe como Felix Severino Oliveira e chegou ao sul da Bahia com o nome de Felix Severino do Amor Divino.
      Na vila de Banco da Vitória ele encontrou o conterrâneo Manuel Constantino e decidiram seguir em direção a Ferradas, que estava em decadência. Depois de uma caminhada de dias, encontraram uma clareira perto do Rio Cachoeira e construíram um casebre coberto de palha.
      Assim como Amor Divino, muitos sergipanos ajudaram no desenvolvimento de Itabuna. Eles não só trouxeram muita vontade de vencer numa terra desconhecida e ferras selvagens, como contribuíram com seus costumes.
      Gente como Amor Divino, Firmino Alves, Gileno Amado e dona Maria Argentina Nery estão na história de Itabuna.
      Fontes pesquisadas para edição especial: “Amendoeiras de Outono” e “O ABC do Cabôco”, de Adylson Machado; “Documentário Histórico de Itabuna”, de José Dantas; “Itabuna, Minha Terra”, de Adelindo Kfoury Silveira.


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