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História de Itabuna Itabuna, 1967, uma cidade inundada Cachoeira, deixando milhares de pessoas desabrigadas, seguidas do desespero de famílias que perderam o teto, os móveis e até um pouco da dignidade. O medo estampado em cada rosto e a morte que rondou muitas pessoas e levou tantas outras. Sem contar com centenas de animais entre, bois, cavalos e porcos, que desciam rio abaixo levados pela fúria da correnteza. O resultado foi muitas perdas, danos e histórias para contar, passadas às novas gerações por pessoas que vivenciaram o drama e acreditam que a enchente, ocorrida entre 27 e 29 de dezembro de 1967, foi a mais terrível de todas. "As águas começaram a sair pelas bocas de lobo e de repente as ruas e casas já estavam tomadas. Não deu tempo nem de tirar os móveis", relata a ex-lavadeira Carmelita Silvéria de Jesus, 63 anos, que na época morava na rua Catucicaba, no bairro da Conceição. Ela conta que nem choveu tanto no período da enchente. "Foi uma chuva normal, durante dois ou três dias. Não foi uma enchente de enxurrada como a que costumávamos ver, foi água do rio mesmo e tomou conta de toda a cidade". Muita água A aposentada Maria das Neves Barreto, 62 anos, conta que na época da enchente tinha dois filhos pequenos e estava grávida de oito meses. Ela saiu de casa, na rua Ana Nery, bairro da Mangabinha, com a água na cintura e, como tantas outras famílias, só levou a roupa do corpo. "Nunca vi tanta água chegar assim, quase do nada, e invadir tudo tão de repente. Foram três dias de cheia e muito desespero". "Não tenho a menor dúvida de que Itabuna viveu sua pior cheia naquele ano. Foi a mais terrível das enchentes de que já ouvir falar", lembra o aposentado Heribaldo Laurindo de Barros, 63 anos. Funcionário público estadual na época, ele conta que a Coelba tinha acabado de instalar um transformar nas imediações da Bananeira que, disseram, ninguém jamais conseguiria retirar, por causa da altura. "A água subiu tanto que não deu outra, levou não só o transformador como o poste de madeira. Muitas casas também foram juntas". Esta é apenas uma das muitas lembranças que o aposentado tem da enchente de 67. Ele diz que a grande cheia foi a miséria de uns e a alegria de outros. Muitas famílias, segundo ele, saquearam lojas e armazéns e o que se via era gente "passar ladeira acima com sacos e mais sacos de charque, caixas de óleo, cortes de tecidos e o que mais puderam levar". O aposentado lembra que a enchente ainda trouxe benefícios para muitos empresários endividados. "Com a cheia, eles tiveram desculpa para não pagar os débitos". Outra lembrança do aposentado foi a morte de dois rapazes, funcionários de uma loja de tecidos da qual ele não recorda o nome, na Avenida do Cinqüentenário. Os empregados tentavam retirar mercadorias por ordem do patrão e morreram eletrocutados. "Itabuna ficou debaixo d'água naquela enchente. Só na Cinqüentenário a água chegou a mais de dois metros de altura". Uma cena macabra, ainda segundo Heribaldo, foi um caixão, com o defunto dentro, que desceu rio abaixo da Mangabinha para o centro da cidade. Ele afirma que o caixão fiou enganchado em algum lugar na rua Barão do Rio Branco e só não lembra se alguém conseguiu retirar o defunto ou ele "seguiu para Ilhéus". Memoria Grapiuna é um projeto da Fundação Jupará com patrocínio da rádio Morena FM 98.7 e jornal A Região. |
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